Parte Leste

Do lado leste da praça é possível ver as antigas ruínas da cidade. Uma visão bem engraçada e esquisita.

Volta ou outra era possível ver um jovem falando baixo para si ou para amigos:
"Era isso o que antes costumávamos glorificar?"

Com um sorriso e com um ego mais inflado ainda, já que tinha acertado a teoria das pessoas idosas, comecei a andar novamente pelo local. Havia chegado em algum lugar, só precisava continuar assim.

As idosas se viraram para a menina, após notarem-na, e uma delas perguntou.

- O que faz nos seguindo, jovem menina?

Sentaram-se nos bancos admirando a paisagem.

- Saudades dos tempos em que as coisas eram mais simples

Disse uma delas e então suspirou.

— Estava um pouco perdida e sem nada para fazer. Apenas pensei que as senhoras me mostrariam um bom caminho — falei, sorrindo logo em seguida, tentando ser a mais carismática possível.

Todas elas pareciam surpresas.

- Para onde quer ir garotinha? - Disse uma delas.

— Me disseram que eu preciso encontrar alguém, mas só me disseram um nome. As senhoras conhecem o Padre Antonieto? — perguntei, olhando para cada uma delas, uma seguida da outra, mantendo um pouco do sorriso e da voz alegre.

Todas elas ficaram quietas do nada.

Se encararam por um tempo.

- O que você planeja descobrir do padre?

— Apenas me disseram para encontrá-lo — falei, levantando um pouco os braços para cima, quase formando um ângulo de 45º entre a dobra do meu cotovelo e largando a palma da mão para cima, indicando um "o que eu posso fazer?" — Mas, então as senhoras o conhecem? Sabem onde posso encontrá-lo? — voltei a guardar meus braços atrás do cordão do macacão, descansando-os.

Todas elas começaram a gargalhar.

- Encontre o homem de armadura! - Disse uma delas. - Encontre o sniper e então encontre o sobrevivente... - Disse ela colocando uma das mãos frente a boca tentando se controlar. - Isso é uma antiga lenda.

" Quando o rei veio a terra, um homem se pôs entre ele e seus objetivos e eles lutaram até a morte de um deles. O homem de armadura desceu dos céus com seu anjo e atacou o rei e junto do sniper eles fugiram. Mas eles não pensaram que existia um sobrevivente, o irmão da primeira vítima"

- É isso o que eles dizem... você também planeja encontrar o nêmesis do rei? Boa sorte com isso!

— Nossa, é realmente muita informação. Mas, quem é esse sniper? Ou isso é só o que as senhoras ouvem por aí? É realmente muito confuso procurar alguém só pelo nome! Haha... — falei, dando uma risada um pouco falha no final.

- Isso não é um nome garotinha! Vê? O rei nem sempre foi velho... isso foi logo quando ele chegou aqui, um jovem deslumbrante! Essa história já tem mais de 60 anos! Ninguém foi capaz de encontrar nenhum deles. - Talvez pelo fato de suas memórias terem sido bagunçadas, elas estivessem distorcendo o tempo, ou não, mas algo era certo. Essa história vinha, para elas e para os outros, desde tempos remotos. - Ache o padre! Esse rei velho repete isso há muito tempo, a cada aniversário de dez anos. Para achar-lo ache o sniper, é o que ele sempre diz. Para achar o Sniper devemos achar o Anjo e para conseguirmos derrotar o anjo precisamos do sobrevivente. É um quebra-cabeças, nem mesmo sabemos se isso realmente aconteceu ou não.

— Hm... Entendo, obrigado, senhoras! — falei e entao me virei e comecei a andar para longe. No entanto, voltei até as idosas e perguntei: 

— Para que direção vocês vão depois?

- Para as colinas! Afinal lá existe a antiga morada da nossa queria amiga Madeline. Dizem que seu espírito ainda vaga por lá... mas nunca o vimos! Os Stansons são pessoas curiosas. Quer ouvir a história da nossa amiga?

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— Claro! Sempre é bom expandir o nosso conhecimento de mundo! — falei e então sentei ali mesmo, no chão, encarando para elas com um olhar curioso. Coloquei os cotovelos nos meus joelhos e descansei minha cabeça em minha mão, pronta para ouvir a história.

- Madeline foi a primeira, em Snowangel, à ter um guardião. Acara era seu nome, nunca o vimos mas isso também é uma lenda, seus pais acreditaram que ela estava possuída pelo demônio e a trancaram num sotão. Até que ela fez o acordo, o seu guardião matou seus pais e eles fugiram para as colinas...

- Para onde vamos - Interrompeu uma das velhas.

- Humrrum... - Tossiu chamando a atenção de volta para si. - E então o rei veio e se encontrou com nossa amiga. Ninguém sabe o que aconteceu mas ela fugiu. O rei observando tudo o que estava acontecendo viu a garota ser extirpada pelo padre e ordenou que sua cabeça fosse colocada numa estaca! Muitos tentaram matar-lo, mas não conseguiram. Ele inclusive foi capaz de ver além! - Disse a velha. - Um homem chamado Zaphod! Viria ao nosso encontro e deveria expor a verdadeira identidade do Sniper! - Disse ela, mudando totalmente o rumo da conversa. - Mas há trinta anos atrás ele foi morto, desde então não sabemos como ele deveria cumprir essa promessa. . .

Um lapso no tempo se rompeu.

- Enfim, o irmã de Madeline... está por ai... estamos à sua procura!

Depois de ouvir tudo aquilo com toda atenção possível, me levantei, dei alguns tapinhas em minha bunda, para limpar a sujeira e agradeci com um sorriso.

— Obrigado pela historia, vou ir até as colinas, se eu tiver sorte de encontrar algo, eu volto para contar para as senhoras! — assim, comecei a andar em direção à colina, com os braços guardados atrás do cordão do macacão.

- Então siga pelo caminho de pedras, criança! - Estaremos aqui esperando!

As velhinhas ouviram o jovem garoto gritando.

Uma delas fez um sinal que se aproximasse com as mãos.

- Olá! Está perdido, meu jovem?

Elas se olharam um pouco e sorriram.

- Ora, ora! Ele tem uma loja no norte, vá lá garoto! - Disse a senhora fechando os olhinhos num sorriso.

As velhas ficavam sem saber o que acontecia e resolveram ignorar o garoto que saía rapidamente.